Dia 22 de setembro, data em que o TUCA comemora 46 anos, acontece a inauguração do CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E MEMÓRIA DO TUCA (CDM) e a Exposição de Cartazes e documentos de peças, shows e eventos políticos que marcaram sua história
Parte da história das artes cênicas e shows da Cidade de São Paulo e a total história dos 46 anos do TUCA está devidamente catalogada e disponível para a população para consultas, pesquisa ou apenas para saber o que de mais expressivo aconteceu nos palcos de um dos mais tradicionais teatros brasileiros. O Centro de Documentação e Memória do TUCA oferecerá os seguintes Serviços: Pesquisa de informação, Reprografia de documentos, Visita técnica ao arquivo, Visita monitorada ao teatro, Intercâmbio com outros arquivos, Recebimento de doações de acervo, Permuta de publicações, Organização eventos na área de documentação.
O TUCA, além de manter uma programação que contribui com o crescimento cultural de São Paulo, reforça esse compromisso com a implantação do CDM e com a abertura da Exposição de Cartazes das peças e shows que por lá passaram.
Em abril de 1965, cartazes espalhados pelo campus da PUC anunciavam: "O TUCA vem aí" e veio pra ficar!
Teatro Tuca
Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes
Sobre o CDM
O tratamento e a organização da massa documental do teatro tem como objetivos preservar e tornar acessível ao consulente a documentação acumulada ao longo dos 46 anos do TUCA, teatro tombado pelo Condephat em 1998, por sua importância histórica e política.
Toda a documentação se encontra organizada em dossiês, contendo diferentes tipologias referentes às etapas da produção e pós-produção dos eventos, sejam eles temporadas teatrais,shows, concertos, eventos acadêmicos ou políticos: projetos, plantas, correspondências, contratos, alvarás de exibição, roteiros de espetáculo, balanços financeiros, fotografias e, ainda, materiais de divulgação dos espetáculos produzidos pelo próprio Teatro, pelas produções que aqui estiveram ou pela imprensa em geral.
Em 2011, a parceria com a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, possibilitou o desenvolvimento do projeto complementar que teve por objetivos a digitalização de parte significativa da documentação, o gerenciamento eletrônico de documentos e a certificação digital para garantir a preservação e a disponibilização dos documentos, que poderão brevemente ser acessados pelo site www.teatrotuca.com.br .
Todo o trabalho desenvolvido pelo CDM teve apoio técnico do CEDIC – Centro de Documentação e Informação Científica "Prof. Casemiro dos Reis Filho", da PUC-SP.
A criação do Centro de Documentação e Memória do TUCA foi possível graças à Lei Federal de Incentivo à Cultura, do MINC e ao patrocínio do Banco Safra.
Doações:
O TUCA é um marco na história cultural de São Paulo.
Sua ação poderá ajudar a preservar esta memória.
Faça parte da história do TUCA: Doe documentos, programas, fotos, ingressos antigos, deixe seu depoimento com histórias pessoais, lembranças.
O CDM tem as condições técnicas necessárias para arquivar todos os materiais.
Os interessados em doar materiais ou deixar seu depoimento devem agendar uma visita ou contatar o CDM TUCA por telefone ou e-mail.
História TUCA
O TUCA- Teatro da Universidade Católica – fundado em 1965, é um importante marco cultural para a cidade e para o país. Filho de uma instituição de longa tradição democrática, nasceu da vontade política da comunidade da Pontifícia Universidade Católica de participar da construção de uma sociedade justa e fraterna.
A inauguração do teatro foi marcada pela apresentação da peça Morte e Vida Severina, em 1965.
Muitas gerações viveram e construíram a história cultural e política do País ocupando os espaços do TUCA. Durante a Ditadura, o TUCA foi palco de importantes manifestações políticas, desempenhando um papel significativo no contexto histórico brasileiro. Servindo aos interesses culturais, educacionais, artísticos, políticos e sociais dos universitários e da população paulistana, o TUCA contribuiu ativamente no processo de redemocratização.
Em 1984, dois incêndios atingiram o teatro, deixando-o praticamente destruído. Foi reaberto em 1986, graças à mobilização de toda a comunidade acadêmica e paulistana. A insuficiência de recursos impediu a conclusão da obra e o teatro funcionou em condições precárias até 2002.
Após o tombamento do TUCA como Patrimônio Histórico de São Paulo em 1998, iniciou-se nova campanha para reconstrução e restauro. Em 2002, com aprovação pelo MINC e patrocínio do Banco Bradesco, o TUCA foi finalmente reconstruído. A reinauguração aconteceu em 22 de agosto de 2003.
Fundação
A idéia de construção do TUCA ganhou força em 1961, em construir um grande auditório somou-se ao objetivo maior de difundir a arte nos meios universitários e nas camadas sociais de baixa renda.
O primeiro passo foi a preparação de um projeto arquitetônico que interagisse harmonicamente com as outras construções da PUC, feitas entre 1920 e 1924. O novo prédio, que teria uma fachada com arcos e janelas neocoloniais, seria assinado por Benedito Calixto de Jesus Neto, prestigiado arquiteto especializado em construções religiosas.
Com fundos arrecadados em campanhas, empréstimos e com a venda de uma fazenda doada à PUC, a construção do Teatro foi iniciada e só acabaria quatro anos depois. A Universidade discutiu, durante este tempo, o destino do prédio, que estava exigindo tantos esforços e recursos. Os alunos queriam que o TUCA fosse utilizado por eles e que a programação atendesse à população de baixa renda que não tinha acesso a teatros.
O Teatro Universitário e "Morte e Vida Severina"
Em abril de 1965, cartazes espalhados pelo campus da PUC anunciavam: "O TUCA vem aí". E a idéia de teatro universitário com função conscientizadora foi assumida pelo Departamento Cultural do Diretório Central dos Estudantes, que fez três contratações: Roberto Freire seria o diretor-geral do grupo de teatro, Silnei Siqueira, vindo da Record, seria diretor de atores e José Armando Ferrara responderia pela cenografia.
Depois de um contrato de liberação de verba com a Secretaria de Estado, estava formado o Teatro dos Universitários da Católica. Foram feitos testes para a seleção de atores e o texto "Morte e Vida Severina", de João Cabral de Melo Neto, foi escolhido. Ele reunia muitas razões a seu favor: seu autor era brasileiro, tratava de um tema da realidade social, ia ao encontro da ideologia estudantil e poderia congregar um grande número de atores.
A montagem da peça envolveu vários setores da universidade. Alunos de Geografia, Direito, Letras e Psicologia, por exemplo, contribuíram substancialmente com seus conhecimentos em cada uma das áreas. O espetáculo foi musicado por Chico Buarque, que na época era estudante da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e participava com freqüência dos ensaios do TUCA.
No dia 11 de setembro de 1965, o Auditório Tibiriçá foi inaugurado com a estréia de "Morte e Vida Severina". Aplaudido de pé durante 10 minutos, reverenciado pelo público e pela crítica especializada, seria o grupo que emprestaria, a partir de então, seu nome ao teatro.
Os Limites da Censura
As idéias de renovação da cultura iriam chocar-se com as barreiras estabelecidas a partir de 1968. Com a declaração do Ato Institucional Nº 5, a repressão atingiu seu patamar mais alto, que se manteria até por volta de 1975.
A cassação dos direitos políticos, a censura e o exílio de grande número de intelectuais, foram fatores que interferiram na produção artística e cultural. Os teatros universitários eram prejudicados também pela desagregação do Movimento Estudantil.
Entre 1969 e 1974, o espaço voltou-se à apresentação de trabalhos de artistas de alto nível, que contribuíram para a educação e para a abertura de novos caminhos no campo artístico. Espetáculos musicais e teatrais expressivos fizeram parte da programação do Teatro, levando ao palco artistas como Elis Regina, Caetano Veloso, Chico Buarque, Vinícius de Moraes, Gianfrancesco Guarnieri e Fernanda Montenegro, que em muitas ocasiões enfrentaram a censura.
Entre 1977 e 1984, a programação organizada pelo Instituto de Estudos Especiais, fez com que o Teatro fosse lembrado também por seu alto significado político. Era um palco privilegiado para simpósios, encontros, debates e atos públicos. Nele, o debate sempre foi possível, as idéias expressas claramente, assegurando às palavras sua força de resistência.
Reconstrução e Restauro
Em 1984, o TUCA sofreu dois incêndios, em setembro e dezembro, que o destruíram quase completamente. A comunidade universitária uniu-se a empresários, autoridades, artistas e intelectuais em uma grande campanha para a sua reconstrução, da qual participaram diversas empresas e contou com apoio das Secretarias de Cultura Estadual e Municipal.
A iniciativa permitiu que o Teatro fosse recuperado com o projeto do arquiteto Joaquim Guedes, que previa o funcionamento de quatro ambientes em 3.800 m² e três pavimentos. Entretanto, a insuficiência dos recursos doados não permitiu a conclusão da obra, o que levou o espaço a funcionar de forma parcial e precária por muitos anos.
No final dos anos noventa, procurando se beneficiar das leis de incentivo fiscal, a PUC-SP elaborou um Projeto de Reforma e Restauro do TUCA, preocupada em preservar este importante marco histórico e devolver à cidade um espaço cultural dotado de conforto e segurança.
Graças à aprovação pelo Ministério de Cultura, a PUC-SP pôde captar recursos e buscar parcerias para auxílio no projeto. O Banco Bradesco S.A., que tem como valor empresarial o incentivo à cultura, financiou a obra, que ficou a cargo da Método Engenharia, escolhida pela sua experiência na restauração de teatros no Brasil.
Patrimônio Histórico
O TUCA tem sua fachada principal e implantação volumétrica tombadas pelo Patrimônio Histórico do Estado de São Paulo desde 1998. O grande significado de acontecimentos artísticos, atos públicos e cerimônias promovidos no local o transformaram em referência para setores organizados da sociedade que resistiram à ditadura, o que justifica o tombamento do teatro.
A cerimônia oficial aconteceu em 1 de janeiro de 2002, na sede do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat).
Equipe CDM TUCA
Equipe:
Coordenação Geral
Ana Salles Mariano
Documentalista Júnior
Luiza Helena Novaes
Estágiários
Rafael Monteiro Romão
Veridiana Fozatto Ramalho
Apoio técnico
CEDIC
Assessoria especializada
Memórias Assessoria e Projetos LTDA.
Apoio:
Realização:
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