Grupo TUCA e sua História

A origem e identidade do TUCA se confundem com a própria história do GRUPO TUCA formado na universidade a partir das propostas de resistência cultural do movimento estudantil nos anos 1960. A atuação do grupo transformou o TUCA num dos principais espaços de criação artística e resistência cultural e política da universidade e também da cidade de São Paulo no decorrer da ditadura.
Fruto de proposta do Diretório Central dos Estudantes da PUC-SP em 1964, o TUCA- Grupo de Teatro da Universidade Católica - nasce articulado à concepção política de formação dos Centros Populares de Cultura propostos pela UNE e como caminho possível de atuação e união do movimento estudantil das faculdades que então compunham a PUC-SP.
Na formação inicial do grupo, os estudantes selecionados contaram com a participação apaixonada de vários setores acadêmicos da universidade e também de profissionais ligados ao teatro de resistência. Logo de início, com o uso de verba do DCE e ajuda de Nagib Elchener, presidente da Comissão Estadual de Teatro, foram contratados seis profissionais do teatro, vários deles ligados a grupos católicos de esquerda como a JUC – Juventude Universitária Católica e a AP – Ação Popular. Dentre estes profissionais contratados estavam Roberto Freire, teatrólogo de prestígio, ex-diretor do Serviço Nacional de Teatro, ex-redator do Jornal Brasil Urgente da Ação Popular, que assumiu a direção artística do grupo; Silney Siqueira, ator e diretor ligado aos trabalhos de educação popular que foi o diretor de Morte e Vida; Elza Lobo educadora popular; José Armando Ferrara, que assumiu a cenografia e Chico Buarque, jovem compositor, então conhecido como carioca e estudante da FAU-USP e que assume a direção musical.
A seleção de “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo e Neto como primeiro espetáculo a ser encenado, que estreia em 11 de setembro de 1965, e seus compromissos com a discussão e denúncia da situação vivida pelo homem do nordeste e pelo povo brasileiro, marcaria fortemente a trajetória do grupo. Os ensaios da peça tiveram início antes da conclusão das obras do Teatro, mas logo após a inauguração do teatro, em agosto de 1965, o Grupo já passou a ocupá-lo. O espetáculo foi um sucesso e gerou repercussão em amplos setores culturais da sociedade, sendo premiado pela Associação Paulista da Crítica de Teatro. A apresentação no Festival de Teatro Universitário Nancy (França), em maio 1966, e a conquista do primeiro prêmio do festival, as apresentações na França e em Portugal e as repercussões após o prêmio, na imprensa estrangeira e nacional fortaleceram e consolidaram o trabalho do Grupo. Em sua volta ao país, o Grupo TUCA viveu uma experiência cultural intensa entre os anos de 1965 e 1970. Voltado para o teatro nacional popular e com a proposta de formação de públicos para o teatro universitário, assumindo um repertório experimental de contestação e de criação coletiva, com mudanças na composição e direção artística, o Grupo continuou ativo até o final da década, sofrendo em vários momentos com a repressão à suas atividades.
Ainda nos anos 1960, o Grupo TUCA apresentaria as peças O&A. em 1967; “Comala”, em 1969, e “Terceiro Demônio”, em 1970, que foi uma das finalistas do Prêmio Universitário do Teatro Sul Americano. Com a radicalização da Censura em 1968, as perseguições policiais sobre o elenco, que sofreu inúmeras prisões de seus membros, e a desarticulação do Movimento Estudantil, o Grupo TUCA experimenta um progressivo descenso. Em 1971, com crescentes divergências internas e falta de apoio da Universidade, rompe-se a ligação entre o Grupo, o Teatro e a Universidade.
Não obstante tal rompimento, a militância de resistência cultural do Grupo TUCA e do Movimento Estudantil da PUC-SP definiria a identidade e marcaria a trajetória do teatro em todo o período da ditadura. Lugar de criação cultural de vanguarda, de protagonismo do movimento estudantil e de militância de diversos movimentos de resistência, principalmente pela atuação do GRUPO TUCA, o TUCA tornou-se marco simbólico e lugar da geografia política da história da cidade naquele período.